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Em pleno 2025, e o mundo do trabalho continua a discutir intensamente sobre os modelos de trabalho remoto, híbrido e presencial.  

A pandemia acelerou a adoção do trabalho remoto – que para muitos, não era nenhuma novidade. Mas agora muitas empresas estão reavaliando suas estratégias, optando por modelos híbridos ou retornando ao presencial, afinal, a pandemia terminou oficialmente em maio de 2023.  

Mas qual seria o modelo ideal?  

Essa resposta é complexa e depende de diversos fatores. Se você é funcionário ou dono de empresa, é natural que suas opiniões e interesses sobre o modelo de trabalho tendam a ser diferentes. No entanto, mais do que o cargo que você ocupa ou o grupo de responsabilidades que possui, o que realmente pesa nessa escolha são as suas preferências pessoais. 

Não existe uma fórmula única — e a prova disso é que, após o período pandêmico, diversas empresas de renome global fizeram movimentos importantes em relação aos seus modelos de trabalho: 

– Amazon: Desde janeiro de 2025, exige que funcionários trabalhem cinco dias por semana no escritório, com o CEO Andy Jassy ressaltando a importância da interação presencial para aprendizado e inovação. 

– Apple: Desde 2022, adota um modelo híbrido com pelo menos três dias presenciais por semana, valorizando a colaboração física para manter a cultura da empresa. 

– Disney: Implementou um híbrido de quatro dias presenciais, com o CEO Bob Iger defendendo que criatividade e desenvolvimento profissional são mais eficazes presencialmente. 

– Meta: Requer três dias presenciais por semana, buscando melhorar colaboração e eficiência após cortes de pessoal. 

– Dell: Retornando ao presencial integral para quem vive próximo a uma sede, reforçando a importância da colaboração para resolução rápida de problemas. 

– No Brasil, empresas como a fintech Smart Save e o Estúdio Jacarandá também optaram pelo retorno ao presencial, visando fortalecer a cultura e a interação entre equipes. 

– Além delas, Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal adotaram modelos híbridos, com a maioria dos funcionários trabalhando alguns dias na semana no escritório. 

– A Nubank segue um modelo ainda mais flexível, exigindo apenas uma semana de trabalho presencial por trimestre, o que amplia o acesso a talentos de todo o Brasil e permite manter uma cultura forte mesmo com equipes distribuídas. 

Esses exemplos mostram que a decisão pelo modelo ideal não é binária e que no título já respondemos que entre modelo remoto ou presencial, o híbrido é o pior deles. Portanto, acompanhe aqui o raciocínio lógico para essa colocação.  

Trabalho remoto 

O trabalho remoto, o famoso “home office”, oferece várias vantagens tanto para os trabalhadores quanto para as empresas. Elencamos aqui as 04 maiores vantagens aparentes do trabalho remoto: 

  • Flexibilidade: Os funcionários podem gerenciar melhor seu tempo, ajustando os horários de trabalho às suas necessidades pessoais. 
  • Deslocamento: Isso economiza tempo e dinheiro, além de diminuir o estresse relacionado ao trânsito. Pode-se dizer até que esse é uma vantagem que tem um forte impacto ambiental. 
  • Autonomia: Os colaboradores têm mais controle sobre seu ambiente de trabalho e podem escolher onde e como trabalhar, bem como trabalhar com maior responsabilização e autonomia.  
  • Custos: As empresas podem economizar com aluguel de escritórios, despesas administrativas, mobiliário, limpeza, dentre tantos outros custos que um ambiente físico oferece. Existem até economias e impactos nos benefícios relacionados pagos pelas empresas, como estacionamento e deslocamento. 

No entanto, o trabalho remoto também apresenta desafios significativos. Tal qual listamos 04 vantagens, listamos aqui 04 desafios: 

  • Isolamento: A falta de interação com colegas pode levar a sentimentos de solidão e desconexão. Existem estudos que comprovam que o isolamento social tem forte relação com doenças emocionais e até físicas. 
  • Ruptura: Fazendo referência à série da AppleTV, “Ruptura”, trabalhar e morar no mesmo espaço físico cria uma série de dificuldades em separar trabalho e vida pessoal. Muitas pessoas enfrentam problemas em ter atenção máxima durante o trabalho, e até para se desligar dele fora do horário comercial.  
  • Resolução de problemas: Estudos mostram que o trabalho remoto sem um bom processo de cultura e comunicação interna teve ao longo dos últimos anos um forte impacto na produtividade individual e principalmente na resolução de problemas pequenos do cotidiano do trabalho.  
  • Cultura: A construção e manutenção da cultura da empresa podem ser prejudicadas pela falta de interação presencial. Trabalho remoto requer uma forma inteligente e eficaz de aplicar uma cultura forte, simples e com ritos bem definidos.  

Trabalho presencial 

Diferente do que foi dito durante a pandemia, o Novo Normal rapidamente se mostrou apenas como um Comum Temporário, e o modelo presencial, onde os funcionários trabalham no escritório físico, deixou ainda mais claro as suas vantagens. Seguindo o fluxo, listamos 04 vantagens do tradicional trabalho presencial: 

  • Interação: Facilita a troca de ideias espontâneas e o fortalecimento de vínculos entre os colaboradores. Quem nunca teve uma grande ideia no momento de cafezinho no escritório? Pois é justamente a interação entre pessoas, departamentos e clientes que válida a grande vantagem do trabalho presencial.  
  • Estrutura: O escritório oferece um espaço adequado e equipado para o trabalho. Em linha geral, a estrutura de um escritório ideal deve ter de uma internet de boa qualidade, banheiros limpos, café e água disponíveis e mobiliário com correta ergonomia.  
  • Supervisão: Podemos dizer que os gestores tendem a preferir toda a equipe junta, dentro da mesma sala para que a sua gestão e supervisão seja facilitada. Parte dessa facilidade está no “sentir o ambiente” do grupo e nas relações informais dentro do ambiente formal do trabalho. Vale reforçar que a maioria esmagadora dos gestores nas empresas hoje são de gerações onde o início do trabalho era um pouco mais analógico, e a transformação abrupta digital que tivemos em tempos pandêmicos não foi necessária para que tivéssemos uma transformação cultura completa.  
  • Comunicação: quando falamos de comunicação, precisamos olhar ela em todos os seus aspectos, além da linguagem falada e escrita. A expressão corporal tem forte impacto no trabalho, principalmente em relações de vendas e em ambientes de solução de problemas complexos.  

No entanto, o trabalho 100% presencial também apresenta desafios significativos. Tal qual listamos 04 vantagens, listamos aqui 04 desafios: 

  • Deslocamento: O tempo que um profissional passa no trânsito em uma das capitais brasileiras pode ultrapassar as 2 horas por dia. E este impacto é ainda maior para cargos de remuneração mais baixa que tendem a morar em bairros mais distantes do epicentro das capitais, e multiplica quando temos a dependência do transporte público. Não são isolados os casos onde 2 horas de trânsito não é a média do dia, mas é o mínimo de um dos traslados de ida ou de volta.  
  • Rigidez: Uma agenda pessoal em ambiente 100% presencial pode se tornar um caos. Levar os filhos no colégio, ir a uma consulta médica ou simplesmente encaixar a ida na academia em sua rotina. Em muitos casos, planejamento não resolve e uma ida ao médico pode significar uma ausência ao trabalho.  
  • Bem-estar: A rotina tomada pelo deslocamento e os altos preços de serviços em regiões centrais impactam na saúde e no bolso dos funcionários.  
  • Salários: Assim como em toda relação mercadológica, quando falamos de contratação a Oferta vs. Demanda tem um impacto no salário pago pela empresa. Contratar um profissional presencial em um escritório da Av. Paulista é significativamente mais caro do que o mesmo perfil profissional de alguém que trabalha em uma cidade do interior de forma 100% remota.  

Trabalho híbrido 

Quando uma empresa escolhe o modelo híbrido, ela combina elementos dos modelos remoto e presencial, permitindo que os funcionários alternem entre dias de trabalho em casa e no escritório. 

Apesar de ser visto por muitos como a solução intermediária ideal, o trabalho híbrido se revelou, para muitas empresas, uma armadilha. E não por causa do conceito em si — mas pela forma como vem sendo estruturado (ou melhor, pela falta de estrutura) e porque, muitas vezes, acaba herdando os pontos negativos dos dois extremos.  

O título do artigo não é apenas uma frase de efeito que teve como objetivo aguçar a sua curiosidade para chegar até aqui. Mas serve também como um alerta para que você possa repensar não só as suas convicções pessoais sobre o trabalho presencial ou remoto, mas te levar a uma conclusão um pouco mais profunda.

O híbrido tem poder para ser o pior, ou melhor regime de trabalho. Hoje em minha empresa adotamos o regime híbrido – e não temos intenção de mudar.  

Quero te contar os 5 principais desafios que esses líderes apresentaram, e nós também quanto empresa que possui esse modelo:  

  1. Flexibilidade aparente, rigidez na prática
    O discurso é de liberdade: “o colaborador escolhe os dias em que quer ir ao escritório”. Mas, na prática, essa autonomia costuma ser ilusória. Espera-se que o time compareça em determinados dias. E o pior: sem que isso seja declarado abertamente. Esse desalinhamento entre discurso e prática mina a confiança e gera frustração em todos os níveis — colaboradores sentem-se controlados e líderes se tornam reféns de expectativas contraditórias.
  2. Ambiguidade nas regras e nas relações
    Enquanto o remoto e o presencial oferecem contextos mais claros, o híbrido muitas vezes mergulha a organização em uma “zona cinzenta”. Não se sabe exatamente quais dias são presenciais, por que são presenciais, nem qual o propósito de cada interação. Os rituais de trabalho se fragmentam, e cada equipe começa a operar com suas próprias dinâmicas. O resultado é uma cultura diluída, difícil de escalar e quase impossível de sustentar com coerência. Não é nada incomum ver uma reunião presencial, com todos na sala de reunião e seus respectivos computadores conectados a uma videoconferência pois apenas uma pessoa está remota naquele dia.
  3. Desigualdade invisível e crescente
    Quem vai ao escritório com mais frequência costuma ter mais acesso informal a lideranças, se envolvendo mais projetos estratégicos e usufruindo de miasoportunidades de crescimento. Já quem trabalha majoritariamente de forma remota pode se sentir (e de fato estar) excluído das decisões do dia a dia, sejam elas pequenas ou grandes. Essa desigualdade não é explícita — e por isso mesmo, é ainda mais perigosa.  
  4. Complexidade operacional disfarçada de simplicidade
    Organizar a agenda de uma empresa híbrida exige uma engenharia de processos, comunicação e alinhamento que muitas organizações subestimam. Gerenciar times com diferentes cargas presenciais, garantir equidade de informações, preservar cultura e ao mesmo tempo manter produtividade — tudo isso demanda esforço ativo e redobrado. E quando isso não é planejado com rigor, o que deveria ser um modelo “leve” vira um labirinto operacional.
  5. Engajamento forçado, cultura artificial
    Empresas que adotam o híbrido como tentativa de preservar a “cultura do escritório” muitas vezes caem na armadilha de forçar encontros presenciais sem intencionalidade. Isso gera desconexão emocional: o time comparece, mas sem engajamento real. A presença física vira uma obrigação mal disfarçada, e os momentos presenciais perdem o poder de fortalecer laços. Com o tempo, a cultura se torna artificial — baseada em presença, não em propósito.

Mas se o modelo híbrido tem gerado tantos desafios, por que ainda é adotado por milhares de empresas no mundo inteiro – incluindo a minha própria empresa – a Yellow? 

Porque, quando bem implementado, ele pode ser uma solução poderosa para unir o melhor dos dois mundos: a flexibilidade do remoto com a força da convivência presencial. Mas isso exige abandonar a lógica do improviso e entrar em um novo patamar de maturidade organizacional. 

Como manter o equilíbrio 

E o que temos feito para que este modelo funcione e seja por nós escolhido como o melhor regime de trabalho:  

  1. Clareza de propósito: o “por que” vem antes do “como”
    Empresas maduras não começam pelo calendário (“vamos ao escritório às terças e quintas”), mas sim pelo propósito: por que nos encontramos presencialmente? O que precisa acontecer no presencial que não se sustenta no remoto?
    A partir dessa resposta, se constrói o modelo. A presença deixa de ser obrigação e passa a ter um significado claro — como fortalecer vínculos, resolver conflitos complexos, construir estratégia em grupo. E a partir disso é construído um calendário que deixe claro as expectativas da empresa. Com o passar do tempo, é comum ver pessoas que pelos laços criados, combinam dias específicos para estarem juntas no escritório e participar de uma reunião de alinhamento do time ou até mesmo um despretensioso almoço entre amigos.  
  2. Alinhamento de cultura e expectativas
    O híbrido só funciona quando a cultura organizacional é adaptada para ele. Isso significa criar formas de comunicação, decisões e integração que funcionem tanto presencial quanto remotamente. Empresas bem-sucedidas nesse modelo são aquelas que codificam a cultura — ou seja, tornam explícito o que antes era tácito. Elas documentam, comunicam com frequência e garantem que todos saibam como operar, independentemente de onde estejam. Um retrato desse alinhamento é que toda decisão importante para a empresa é devidamente comunicada a todos, seja por meio de uma mensagem oficial ou até de uma reunião geral de alinhamento – no nosso caso, essa reunião é semanal e online para garantir a igual participação de todos, inclusive aqueles que estão em outras cidades.
  3. Intencionalidade na convivência presencial
    O escritório deixa de ser um lugar para “bater ponto” e passa a ser um hub de conexão. As empresas mais estratégicas têm encontros presenciais com agenda clara, objetivos definidos e espaço para interações que realmente importam. É a diferença entre simplesmente “marcar presença” e criar experiências presenciais de alto valor para o negócio e para as pessoas. Novamente vemos sinais claros dessa intencionalidade quando agendas conjuntas, formais como um treinamento ou informais como um happy hour, acontecem em datas de adesão máxima das pessoas ao presencial – e isso requer planejamento, esforço e até orçamento.
  4. Governança do modelo: regras claras e aplicáveis a todos
    Um modelo híbrido não pode depender da opinião de cada gestor. As regras precisam ser globais, compreensíveis e justas. Onde há ambiguidade, há desalinhamento — e onde há desalinhamento, há ruído. Empresas maduras definem diretrizes universais, mas permitem algum nível de adaptação local. E mais importante: treinam suas lideranças para garantir a equidade da experiência, independentemente do lugar de trabalho. Deixar os líderes liderar é uma arte, e é justamente nessa adaptação de agenda Online vs. Presencial que percebemos a autonomia e força das lideranças.
  5. Liderança preparada para um novo mundo
    O híbrido exige um novo tipo de líder. Não aquele que “vê para crer”, mas o que constrói confiança com base em entregas, clareza e comunicação propositiva. Empresas que treinam e desenvolvem seus líderes para atuar nesse novo cenário conseguem evitar microgerenciamento, desconfiança e perda de performance. Mais uma vez o papel dos líderes se torna fundamental neste cenário, além de replicar a cultura, garantir a performance do grupo e o engajamento individual, o líder também tende a atuar com empatia para questões pessoais de cada pessoa do time, e é neste ponto que a modelo híbrido se sustenta: Empatia.  

Na Yellow, adotamos o modelo híbrido com consciência e responsabilidade. Sabemos que ele carrega, potencialmente, os desafios do remoto e do presencial — justamente por isso, ele não pode ser conduzido no piloto automático. 

Nossa escolha pelo híbrido não é comodidade, é estratégia. 

Assumimos os riscos do modelo, mas também nos comprometemos diariamente a desenhar um ambiente de trabalho que sustente performance, bem-estar e conexão — independentemente da localização de cada pessoa do time. 

Para isso, investimos em três pilares fundamentais: 

  • Cultura organizacional viva e clara, que não depende da presença física para existir e se replicar. Nossos pilares de cultura estão no discurso e nas ações, coerência é tudo; 
  • Tecnologia como aliada da produtividade, além de todas as plataformas de comunicação que utilizamos, aqui concentramos todas as nossas atividades de recrutamento em um sistema moderno que favorece o acompanhamento e a produtividade – conheça nosso sistema YAPP 
  • Liderança preparada para gerenciar com confiança, intencionalidade e autonomia. Treinamentos ajudam a preparar a liderança, autonomia fortalece cada um dos líderes em sua função, e a comunicação clara mantem o time alinhado.   

Adotar o híbrido, para nós, é aceitar o desafio de evoluir constantemente. Não existe modelo perfeito — mas existem decisões conscientes, adaptáveis e alinhadas com a realidade do negócio e das pessoas. 

Considerações finais 

Escolher entre o trabalho remoto, presencial ou híbrido é mais do que uma decisão operacional. É uma decisão estratégica — que revela o quanto uma empresa compreende sua cultura, seus objetivos e as pessoas que a constroem em seu conjunto de individualidades. 

Em 2025, não existe mais espaço para decisões genéricas. O que existe são organizações que entendem que os modelos de trabalho não são uma decisão única ou uma solução mágica — são escolhas com consequências, dados e processos. 

Mais do que nunca, o papel da liderança é fazer essas escolhas com lucidez. Perguntar não apenas “o que é melhor na minha visão?”, mas também “o que é melhor para a minha empresa? Qual tipo de cultura estamos reforçando com essa decisão e o que precisamos construir para chegar aonde planejamos?” 

Na dúvida, lembre-se: não é sobre o lugar onde as pessoas trabalham — e sim, sobre o tipo de experiência que elas têm ao fazer parte da sua organização. 

E isso, sim, define o futuro de qualquer negócio. 

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