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Por que a escolha do conselheiro certo pode acelerar ou comprometer o crescimento de uma empresa? 

Em um cenário de negócios cada vez mais complexo, a escolha dos conselheiros certos pode acelerar – ou comprometer – o crescimento de uma empresa.  

O conselho consultivo deixou de ser um diferencial e passou a ser peça-chave da boa governança, oferecendo à liderança um espaço estruturado de diálogo, provocação estratégica e decisões mais qualificadas 

Porém, a efetividade de um conselho está diretamente ligada à qualidade de seus integrantes. E ao contrário do que muitos acreditam, um bom conselheiro não se define apenas por seu histórico profissional; um dos erros mais comuns é confundir prestígio com relevância.
Um bom conselheiro não é, necessariamente, o executivo mais renomado do setor — mas sim aquele que tem a capacidade de contribuir de forma coerente com o estágio, a cultura e os desafios da empresa. 

Neste artigo, discutiremos quais são as competências fundamentais de um conselheiro consultivo que, de fato, gera valor. 

O que define um bom conselheiro consultivo? 

  1. Vivência compatível com o estágio da empresa

A primeira e talvez mais negligenciada das competências é a adequação de trajetória. O conselheiro ideal não precisa ter liderado uma organização do mesmo setor ou porte da empresa que vai fazer parte — mas precisa ter vivenciado desafios parecidos ao que ela enfrenta no momento. 

O critério aqui não é apenas o faturamento, mas o grau de complexidade da operação, o momento estratégico e o tipo de decisão que está em jogo. Um conselheiro que operou em realidades muito distantes pode trazer repertório, mas dificilmente terá sensibilidade e empatia com o contexto. 

Como afirma Ram Charan, referência global em governança: “conselheiros eficazes são aqueles que sabem traduzir sua experiência para a realidade do negócio que servem — e isso exige mais do que conhecimento, exige empatia estratégica.” 

  1. Distância crítica e imparcialidade

A imparcialidade é um dos pilares éticos e funcionais de qualquer conselho. Um conselheiro consultivo deve ser, antes de tudo, independente — emocional, financeira e relacional. Isso significa não apenas não ter vínculos familiares ou societários com os membros da empresa, mas também manter uma distância segura o suficiente para discordar com firmeza e isenção. 

Empresas que formam conselhos com amigos, familiares ou ex-colegas correm o risco de reproduzir os mesmos vícios de pensamento que já existem internamente. A imparcialidade, quando bem exercida, permite que o conselheiro aponte zonas de sombra que os sócios, por proximidade excessiva, não conseguem enxergar. 

  1. Habilidade de transitar entre o técnico e o estratégico

Um erro comum é assumir que o papel do conselheiro consultivo é oferecer respostas prontas. Na verdade, seu valor está em formular as perguntas certas, estruturar o raciocínio estratégico e ampliar a qualidade das decisões tomadas pelos gestores e sócios. 

Por isso, é essencial que o conselheiro tenha domínio técnico sobre determinados temas, mas sem cair na armadilha de operar como consultor. Ele precisa trazer provocações estruturadas, ancoradas em vivências reais, e sustentar o debate com dados, analogias e referências sólidas. Um conselheiro consultivo é diferente de um consultor.  

  1. Visão ampliada e repertório diverso

As empresas estão reféns de seus próprios algoritmos mentais: os sócios leem os mesmos autores, seguem os mesmos benchmarks e validam decisões com os mesmos interlocutores.
O conselheiro precisa ser um ponto de ruptura nesse ciclo — não por confrontar, mas por renovar as referências que orientam o pensamento da liderança. 

Ele precisa ser alguém que circula entre setores e modelos diferentes, e por isso consegue oferecer novas lentes para olhar os mesmos problemas. 

Uma boa prática ao escolher o grupo de conselheiros consultivos é buscar dentre eles, pessoas que estão em mercados diferentes do mercado de atuação da empresa. Essa visão diversa é fonte de importantes práticas e inovação.  

  1. Comunicação clara e construtiva

Mais do que saber falar bem, um bom conselheiro precisa saber organizar ideias, fazer perguntas relevantes e sustentar o contraditório com sabedoria.
A comunicação, nesse caso, não é uma habilidade performática, mas estratégica: trata-se de ajudar o empreendedor a organizar seus dilemas e refletir com mais clareza. 

Conselheiros eficazes evitam o viés do ego. Eles sabem que sua função não é ter razão, mas contribuir para que a empresa tome decisões melhores. Por isso, praticam escuta ativa, evitam respostas simplistas e estão abertos à ambiguidade — um traço essencial quando se atua em ambientes incertos.  

Outra característica importante de um conselheiro capaz de conduzir uma comunicação construtiva é a provocação ao experimento. Testar, acompanhar, mapear, falhar e ajustar são atribuições que um conselheiro consultivo deve e pode sugerir aos sócios. 

Conclusão 

O conselho consultivo é, antes de tudo, um instrumento de governança inteligente. Seu valor está na capacidade de ampliar a percepção dos gestores, tensionar decisões críticas e antecipar riscos. Mas isso só é possível quando seus integrantes são escolhidos com critérios que vão além do prestígio curricular. 

Vivência compatível, imparcialidade, empatia técnica, visão ampliada e comunicação estratégica: esses são os fundamentos de um conselheiro consultivo que gera valor real.

Porque no fim das contas, não se trata apenas de ter conselheiros. Trata-se de ter as pessoas certas ao redor da mesa para discutir o que realmente importa. 

 

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